NOVIDADES, ARTIGOS E DICAS

Porque acredito que a expectativa de vida dos animais vai aumentar ainda mais

Por:

Dr. Victor Soares

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04/10/2023

Trago notícias do futuro!!
Não, infelizmente não viajei numa máquina do tempo nem tenho bola de cristal, mas venho analisando indícios que apontam para mudanças importantes num futuro próximo quando falamos de saúde animal.
Uma crescente onda de notícias sobre tecnologia e lançamentos de fármacos na indústria veterinária é o que impulsiona meu otimismo. Apesar deste ano as novidades estarem aparecendo com mais frequência, há uns dois anos vemos as coisas mudando em ritmo acelerado, e quem ganha somos todos nós. 

Eu já vejo uma diferença na expectativa de vida dos cães e gatos de quando entrei na faculdade, a mais de dez anos, para os dias atuais.
Como um profissional apegado à confirmações científicas, eu preferia embasar as informações com artigos que comprovassem o que digo, mas na carências deles, falo  mesmo pela minha experiência, que hoje em dia já não é raro como antes vermos gatos de 18 ou 19 anos, cães de 17 ou até 18 anos.
Acredito que o fator determinante para essa mudança nos últimos dez anos seja a otimização do estilo de vida dos animais.
Tanto cães como gatos vivem mais dentro de casa, em ambientes mais seguros e higienizados, comem em sua maioria ração super premium e fazem visitas ao veterinário de forma mais regular.
Com o estilo de vida mais cuidadoso já consolidado nas novas famílias de pet, a partir de agora a medicina veterinária será a responsável por proporcionar recursos cada vez melhores para garantir a saúde dos bichinhos.
A indústria pet cresce como um todo, e o setor farmacêutico vem investindo muito em pesquisas e novos fármacos para diversos tipos de doenças.
Somente esse ano já teve o lançamento de dois produtos nos Estados Unidos que podem ser revolucionários.
Um deles é uma medicação para pancreatite, doença com mortalidade de até 40% que até então não tinha um tratamento específico. O outro é uma medicação para Parvovirose, que é uma doença com mortalidade ainda maior, principalmente em filhotes. A medicação tem alto potencial de cura e pode diminuir o período de internação por conta da doença de 10 para 2 dias.
Aqui no Brasil, desde maio já podemos usufruir da tecnologia do Librela®, uma remédio injetável para cães de alta eficácia para o controle de dor crônica, provocada pela degeneração óssea das artroses. Os pacientes velhinhos que vem recebendo o Llibrela estão com mais disposição para passear, mais conforto nos movimentos e consequentemente mais qualidade de vida.
E para os gatos? O Solensia® tem a mesma ação de controle de dor e é específico para gatos idosos. Deve chegar no Brasil no próximo ano, mas já apresenta um ótimo resultado nos países que vem fazendo uso. 

A dor articular que acomete cães e gatos em fase senil talvez tenha um controle eficiente e acessível. Pode ser que a próxima geração de animais velhinhos não tenha mais aquele andar rígido, dificultoso. Pode ser que tenha uma velhice com mais mobilidade, com passeios e brincadeiras até o fim da vida.
Dos novos tratamentos, sem dúvida o mais impactante é o tratamento para PIF (Peritonite Infecciosa Felina).
A PIF é uma doença que acomete principalmente gatos filhotes, acontece por uma mutação de um vírus que vive no intestino dos gatos e era considerada uma doença fatal. É PIF? Morre em poucos dias. Essa era nossa realidade até 2019.
Quando comecei a atender, a PIF era a doença mais cruel de todas. Além de ser fatal, também não tinha um diagnóstico exato e nem vacina para prevenir.
As coisas mudaram de rumo quando a UC Davis, universidade na Califórnia, testou um fármaco novo e conseguiu a cura em mais de 90% dos gatos do estudo. Foi a revolução da medicina felina.
Ainda não existe um diagnóstico nem prevenção. Os mecanismos da mutação desse vírus que vive normalmente no organismo de quase todos gatos ainda está sendo estudado, mas o principal que é a cura já temos! Quando o caso é altamente sugestivo de PIF já podemos entrar com o tratamento.
Os custos são elevados e o remédio um pouco difícil de conseguir, mas hoje já existem inúmeros gatinhos sobreviventes da PIF para contar a história.
A doença que tinha 100% de mortalidade agora tem cura, não é incrível?
Falando em doenças frustrantes, as pesquisas tem um foco especial nos pacientes oncológicos, já que o câncer é a principal causa de morte de cães acima dos 10 anos. Os tratamentos que virão tendem a ser mais eficientes, específicos para cada tipo de câncer e com menos efeitos colaterais do que a quimioterapia convencional.
Para citar um bom exemplo, hoje consideramos que a sobrevida para o paciente com osteossarcoma, principal câncer ósseo, é de aproximadamente 320 dias. Um paciente Golden Retriever que foi submetido a um novo tratamento contra esse câncer já passa de 4 anos desde o diagnóstico e provavelmente vai morrer velhinho, por outros fatores que não o câncer.
Outra novidade na oncologia é o lançamento do OncoK9, um exame que promete detectar câncer com uma simples amostra de sangue.
Diagnóstico e tratamento precoce serão a chave para conseguirmos driblar o câncer e quem sabe assim, darmos mais anos de vida à eles.
Dentro do centro cirúrgico as mudanças também vêm acontecendo. Cirurgias antes  inimagináveis como transplantes renais, neurocirurgias e cirurgias por vídeo já são realidade mundo afora. 

As novidades são animadoras para qualquer profissional da área e também aos pais de pet que os querem por perto o maior tempo possível.
Os diagnósticos serão mais precisos, as doenças tratadas com mais eficiência, as cirurgias mais seguras e confio que consequentemente à essas evoluções, nossos cães e gatos terão mesmo uma vida um pouco mais longa. 

Mas apesar do otimismo, temos que colocar os pés no chão.
Os estudos clínicos promissores demandam um tempo prolongado para serem concluídos, produtos e exames lançados fora do Brasil também podem demorar vários anos para chegarem em nossas mãos.
E quando digo que terão a vida “um pouco’ mais longa, é porque não acredito que eles irão viver até os 30 anos. Mas mesmo que o aumento da expectativa de vida seja de poucos anos, o mais importante é que sejam anos bem vividos.
Não queremos dar só mais tempo de vida a eles, queremos dar tempo de vida boa.
Eu não quero ver pacientes vivendo até os 20 anos mas sendo alimentados na seringa, precisando de ajuda para se mover, com dor, se sujando por fazer xixi ou cocô deitados…
Eu quero vê-los com comportamentos lúdicos até o fim da vida, tendo boa interação com a família, curtindo passeios e preservando sua autonomia para fazer suas necessidades básicas, sejam elas fisiológicas ou comportamentais.
As expectativas são de um futuro promissor e as mudanças impactarão diretamente a vida dos animais e suas famílias, e estaremos atentos para que possamos trazer todas as novidades aos pacientes do Vet Domus. 

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